quarta-feira, 7 de maio de 2014

Esporte - Educação para todas as idades



    Quando fala-se em educação logo se pensa em criança e escola, contudo o processo educativo pode e deve ocorrer ao longo de toda a vida para que se mantenha a sociedade em constante evolução. Assim, o esporte representa importante ferramenta educacional na transmissão de valores e princípios, tendo em vista ser um fenômeno que alcança todas as faixas etárias.
    Se o esporte é um condutor de educação, seus principais expoentes são os atletas, responsáveis por influenciar através de exemplos. Em âmbito nacional tal constatação é um fator ambíguo, já que os atletas de destaque na mídia são jogadores de futebol que trazem, em sua maioria, carências educacionais profundas por serem produtos de nossas mazelas sociais. Ora, como ser exemplo e vetor educacional se lhes faltaram quaisquer referências sobre o assunto ao longo de toda sua vida? Mas mesmo assim são exemplos. Entretanto, replicam o que aprenderam e passam mensagem diversa da que deveriam transmitir. E estas são assimiladas tanto por crianças como por adultos.
    Para muitos brasileiros a causa de nossas deficiências enquanto sociedade se encontra nos políticos e líderes, porém eles apenas reproduzem o que nossa cultura educacional cria. O pensar coletivo não existe, aliás, é execrado. Impera a “lei de Gerson”, curiosamente uma expressão advinda de um personagem esportivo. Dirigir pelo acostamento em um engarrafamento, usar a fila rápida no mercado mesmo com mais itens do que o indicado, “matar” vaga ao estacionar para ter mais conforto ao sair, jogar lixo no chão, estacionar veículo à frente de rampa de acesso. Estas ações são corriqueiras e recorrentes em nosso cotidiano e, para a maioria, é absolutamente normal. Pior! Aquele que reclama é chato, caxias, estressado. E assim perpetua-se a falta de educação que, para os mesmos brasileiros citados acima, só se resolve com punição. Acredita-se que a impunidade é a geratriz de tudo isso. Há controvérsias e o esporte serve de micro universo da vida para ilustrar.
   As regras do futebol são ultrapassadas e falhas, permitindo que sejam burladas facilmente. As mesmas normas do jogo se aplicam aqui e na Europa, assim como em todo o globo. Pela linha de pensamento da punição como solução para todos os males, o comportamento deveria ser o mesmo no Brasil ou na Alemanha, por exemplo. Mas não é, e comprova o quanto nossa cultura educacional difere de outras sociedades. A “cera” é figura regular em nossas partidas de futebol e é fruto da soma de um conjunto de regras deficiente com maus hábitos de desrespeito ao jogo. Tente encontrar a mesma figura em gramados europeus. Se encontrar, repare na reação dos outros atletas e das próprias torcidas. A reprovação será imediata. Da mesma forma acontece com a simulação de falta ou o vulgo “cai-cai”, alvo de inúmeras críticas a jogadores brasileiros quando atuam em clubes europeus. Aqui é considerado inteligente o atleta que ludibria a arbitragem, enquanto em outros tantos lugares é tratado como um contraventor. E, de fato, o é. Fica nítido o entendimento de tal raciocínio quando entende-se que, além de valorizar a esportividade, em outras praças o esporte é tratado também como um produto e que o torcedor é um consumidor, com deveres e direitos. Assim como um cidadão também é um contribuinte, com seus deveres e direitos.

    Felizmente, a consequência dos níveis de profissionalismo que o esporte alcançou, assim como suas cifras, trouxeram para o universo esportivo profissionais de outras áreas como o marketing, gerando preocupação com a imagem dos atletas e, por conseguinte, com seus atos dentro e fora dos palcos esportivos. Indiretamente este fenômeno colabora com melhores exemplos, reforçando cada vez mais o papel do esporte como formador de opinião e instrumento educacional.

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