Quando
fala-se em educação logo se pensa em criança e escola, contudo o
processo educativo pode e deve ocorrer ao longo de toda a vida para que se mantenha a sociedade em constante evolução. Assim, o esporte
representa importante ferramenta educacional na transmissão de
valores e princípios, tendo em vista ser um fenômeno que alcança
todas as faixas etárias.
Se o
esporte é um condutor de educação, seus principais expoentes são
os atletas, responsáveis por influenciar através de exemplos. Em
âmbito nacional tal constatação é um fator ambíguo, já que os
atletas de destaque na mídia são jogadores de futebol que trazem,
em sua maioria, carências educacionais profundas por serem produtos de nossas mazelas sociais. Ora, como ser exemplo e vetor
educacional se lhes faltaram quaisquer referências sobre o assunto
ao longo de toda sua vida? Mas mesmo assim são exemplos. Entretanto,
replicam o que aprenderam e passam mensagem diversa da que deveriam
transmitir. E estas são assimiladas tanto por crianças como por
adultos.
Para
muitos brasileiros a causa de nossas deficiências enquanto sociedade
se encontra nos políticos e líderes, porém eles apenas reproduzem
o que nossa cultura educacional cria. O pensar coletivo não existe,
aliás, é execrado. Impera a “lei de Gerson”, curiosamente uma
expressão advinda de um personagem esportivo. Dirigir pelo
acostamento em um engarrafamento, usar a fila rápida no mercado
mesmo com mais itens do que o indicado, “matar” vaga ao
estacionar para ter mais conforto ao sair, jogar lixo no chão,
estacionar veículo à frente de rampa de acesso. Estas ações são
corriqueiras e recorrentes em nosso cotidiano e, para a maioria, é
absolutamente normal. Pior! Aquele que reclama é chato, caxias,
estressado. E assim perpetua-se a falta de educação que, para os
mesmos brasileiros citados acima, só se resolve com punição.
Acredita-se que a impunidade é a geratriz de tudo isso. Há
controvérsias e o esporte serve de micro universo da vida para
ilustrar.
As
regras do futebol são ultrapassadas e falhas, permitindo que sejam
burladas facilmente. As mesmas normas do jogo se aplicam aqui e na
Europa, assim como em todo o globo. Pela linha de pensamento da
punição como solução para todos os males, o comportamento deveria
ser o mesmo no Brasil ou na Alemanha, por exemplo. Mas não é, e
comprova o quanto nossa cultura educacional difere de outras
sociedades. A “cera” é figura regular em nossas partidas de
futebol e é fruto da soma de um conjunto de regras deficiente com maus hábitos
de desrespeito ao jogo. Tente encontrar a mesma figura em gramados
europeus. Se encontrar, repare na reação dos outros atletas e das
próprias torcidas. A reprovação será imediata. Da mesma forma
acontece com a simulação de falta ou o vulgo “cai-cai”, alvo de
inúmeras críticas a jogadores brasileiros quando atuam em clubes
europeus. Aqui é considerado inteligente o atleta que ludibria a
arbitragem, enquanto em outros tantos lugares é tratado como um contraventor.
E, de fato, o é. Fica nítido o entendimento de tal raciocínio
quando entende-se que, além de valorizar a esportividade, em outras
praças o esporte é tratado também como um produto e que o torcedor
é um consumidor, com deveres e direitos. Assim como um cidadão
também é um contribuinte, com seus deveres e direitos.
Felizmente,
a consequência dos níveis de profissionalismo que o esporte
alcançou, assim como suas cifras, trouxeram para o universo esportivo
profissionais de outras áreas como o marketing, gerando preocupação
com a imagem dos atletas e, por conseguinte, com seus atos dentro e
fora dos palcos esportivos. Indiretamente este fenômeno colabora com
melhores exemplos, reforçando cada vez mais o papel do esporte como
formador de opinião e instrumento educacional.
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